sábado, 27 de agosto de 2016

Projeto Forno de Barro

Forno de Barro

Há tempos que eu vinha campeando algum bom tutorial para construção de um forno redondo, tipo aqueles que são usados para assarem pizza e biscoitos de polvilho. Na verdade, como tudo que eu venho pensando e publicando, não se trata somente do forno em si, é todo o processo que envolve a sua construção e os hábitos decorrentes disso, lembro-me da minha infância em que a vizinha de minha mãe tinha um desses no quintal. Na semana era reservado um dia para a produção das quitandas. Acordava-se cedo e já se botava lenha dentro do forno para ir aquecendo bem. Enquanto a madeira virava brasa, os biscoitos e bolos eram preparados, era um dia de muita felicidade, pois além da comida, que ficava muito boa, havia a conversa, as brincadeiras... quando eu penso em um forno desses, me recordo com saudade desses momentos, e é algo parecido com isso que desejo proporcionar a minha filha. A origem do forno é muto antiga, e sua construção é simples, deve-se ter o cuidado de não construí-lo diretamente sobre a terra, é preciso uma base sólida que o isole da umidade, esta pode ser feita de pedra e areia, no meu caso, pela dificuldade de achar as pedras grandes, fiz uma base de esteios de madeira, depois emendei com sarrafos, e coloquei em cima um pallet:




Após colocar a base da construção do forno, entremeei os vazios do palet com varetas de madeira, tal como a técnica das casas de pau a pique, sobre as varetas e a madeira, joguei uma mistura grossa de terra, areia, açúcar e palha, usei as seguintes medidas: uma carriola de areia + 01 carriola de terra vermelha + 2 kg de açúcar.

Depois foi colocar água e pisar o barro até ficar uma mistura bem homogênea e não muito mole. Após a primeira camada de barro, como havia aqui em casa muitas telhas francesas, resolvi aproveitá-las, geralmente se faz o base do forno com tijolos refratários ou tijolos requeimados, mas quis usar telhas e o resultado também ficou mito bom, vejam:

Depois que coloque as telhas, joguei outra camada grossa da mistura do barro descrita acima e nivelei. Após isso dei o formato redondo do forno, para facilitar corte uma vareta no tamanho do raio que deseja e vá mediando para ficar do mesmo tamanho. Na foto, um detalhe que não deu muito certo, acho que pelo tamanho do forno (a armação de bambu), tentei de vários tamanhos, mas ele não encaixava perfeitamente para servir de estrutura no fechamento dos tijolos. No fim do processo, tive que encher o vão do forno de areia para finalizar. Vejam:



A tarde foi se esvaindo e o cansaço chegando, como o forno não fechava de jeito nenhum, parti ara a segunda opção e também a mais tradicional (as vezes inovar em processos de construção, dá muito trabalho), enchi todo o vão do forno de areia, ao todos foram cinco carriolas cheias. feito isso, foi fácil dar o acabamento. Isso, já beirava as 20 horas, vejam:




Agora sim, após o último tijolo:


obs.: deve-se ter cuidado com a largura da boca do forno, uma dica é medir as formas que se deseja usar depois, para não correr o risco de ficar pequeno.
- Não esqueça de deixar o "suspiro", que nada mais é do que um tipo de chaminé, no meu caso usei uma lata vazia de milho em conserva.


Após essa etapa, parte-se para a secagem e cura, vou deixar secar uma semana antes de tirar a areia. Vou atualizando o post até a finalização do forno.

Depois de dois dias, retirei a areia do forno:

Após tirar cuidadosamente a areia, passei para  a fase do reboco, que é feito com terra de cupim. O processo é simples, busca-se o cupinzeiro, esfarela bem (pela experiência recomendo quebrar ele bastante com a enxada e depois passá-lo ainda seco pela peneira para desfazer os últimos torrões, coloque açúcar na massa e pise com água até a mistura ficar bem grudenta. feito isso, reboque o forno, fiz de duas vezes, a primeira demão num dia e a outra hoje, como podem ver:






Depois do reboco, vou deixar o forno secar bem, enquanto isso vou providenciar uma pequena cobertura de proteção. Espero que no fim de semana eu já possa colocar o primeiro fogo para dar continuidade ao processo de cura.
Finalmente, após 03 dias de cura, coloquei o primeiro fogo, ainda tímido, pois ele deve ir aquecendo aos poucos até estar totalmente curado.








quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Projeto Defumador

Projeto Defumador Artesanal 

Na internet existem vários modelos de defumadores artesanais, que facilmente podem ser desenvolvidos em casa. Particularmente, testei um modelo bem simples e que passou no teste que eu fiz na casa de minha mãe. Neste post vou abordar o passo a passo da sua montagem e discutir alguns pontos sobre a fabricação do bacon artesanal, a partir das minhas experiências... 
Para um modelo básico, você vai precisar de: 

- 01 geladeira velha com porta
- Uma lata para chaminé 
- 04 pedaços de vergalhão no cumprimento da largura da geladeira
- um suporte para fechar a sua porta e mantê-la presa
- alguma noção com equipamento de solda (para facilitar), é possível fazer sem ela. 

1º: Limpei a geladeira, retirando todo plástico, fibra, etc. Para eliminar qualquer outro vestígio químico eu também queimei a carcaça da geladeira, por dentro e por fora. Deixei esfriar e lavei com sabão neutro. 
2º Com a ajuda de meu pai, cortei os vergalhões no cumprimento da largura da geladeira e ele soldou na de ponta a ponta, reparem o detalhe na foto.
3º Demarque a chaminé no tamanho da lata que tiver e corte com uma faca ou com a própria solda - repare a foto. 
4º solde ou parafuse o suporte para prender a porta. 
5º Encha uma lata queimada de serragem limpa, colocando uma garrafa embaixo e outra no meio - cuidado ao retirar as garrafas para não desmoronar toda a serragem.  Para facilitar, vá socando a serragem com um pouco de água (cuidado para não molhar muito);
6º Feito isso, coloque a lata dentro da carcaça da geladeira e atice fogo. Feche a porta. Depois de uns 10 minutos, vc poderá pendurar suas carnes no vergalhão em cima e deixar defumando, no caso de barriga de porco, de 04 a 06 horas, com a porta da geladeira vedada.



Sobre o Bacon artesanal, faço algumas considerações: 




Projeto Cerca

Cerca de Madeira

Este post eu vou editando a medida que eu for concluindo as etapas do projeto. Começo relembrando o inicio de algumas mudanças em minha 

No ano de 2009, fiz uma viajem a cidade de Cocos / BA - Cocos é um município localizado no Oeste Baiano a 684 km de Brasília e à 878 km de Salvador. A Viajem foi feita em família, já que boa parte dos parentes de minha esposa ainda moram lá. Ali pude conhecer uma realidade diferente do meu dia a dia. Ladeada de vilarejos com arquitetura tradicional antiga, pode-se ver que a maioria das construções eram feitas usando técnicas antigas do manejo do barro, palha e pedra, até mesmo a cobertura das casas eram feitas de telhas artesanais, feitas em família, um tesouro! A população do município ainda é muito ligada ao meio rural, sendo a cidade cerca por fazendas e sítios lindos com uma beleza e simplicidade únicas. A avó da Ângela mora numa dessas terrinhas, que parecem ter sido saídas de livros antigos, remetendo a um passado que me parecia tão distante. Na primeira ida, ficamos quase um mês, não havia sinal de telefone na fazenda (o que foi muito bom!), energia elétrica foi novidade instalada a pouco mais de 10 anos (se minhas contas estiverem certas...), os dias eram passados vagarosos, e as atividades domésticas, desde o preparo da comida até os passeios pela estrada eram feitos sem pressa, voltadas em conversas que iam desenrolando sem roteiro. A culinária, parte que dedicarei um post exclusivo, é sem dúvida uma das mais saudáveis e saborosas. Nesta época eu lecionava para crianças do ensino fundamental, e lembro de ter aproveitado algumas horas desses dias como inspiração para montagem de novos materiais. Como dito acima, uma coisa que me encantou no lugar foi a simplicidade das construções e sua originalidade, própria do lugar, fincada no solo arenoso e exposto ao tempo, que parece só ter melhorado a aparência rústica das casas e quintais. Fotografei bastante o lugar, e quando pude construir minha casa, veio o desejo de também construir uma cerca que remetesse a este lugar, que ficou tão presente em minha vida depois disso. Abaixo as fotografias: 





Notem a beleza e rusticidade que o tempo foi dando a estas lascas de madeiras. A madeira é aroeira, firme e perene contra os anos, essas aí devem estar beirando os 100 anos. 
A primeira coisa a se pensar foi nos materiais necessários, essa cerca é feita somente de madeira e na minha região, exauriram-se as aroeiras, pensei em comprar as lascas usadas na Bahia ou no norte de minas e trazer em um caminhão para cá, impossível! O frete caríssimo e ninguém quis vender as lascas! O jeito foi me arranjar por aqui mesmo. Um tio meu ganhou uma montanha de madeira de eucalipto, que ficou no tempo uns 03 anos ou mais. De início achei que nenhum poste prestava, mas depois vi um trabalho que foi feito com eles pelo tio João, que lavrou um por um no machado, deixando o cerne descoberto, foram usados para fazer paiol, chiqueiro, garagem, etc. Como eu não tinha dinheiro para comprar outro tipo de madeira, e mesmo comprando, não teria o aspecto rústico da lasca, me joguei na empreitada para cortar cada pau do tamanho correto, a primeira grande dificuldade! Não havia motor até então, e tentei ir pela moda antiga: cortar no machado! Consegui, com alguns amigos, debaixo de um sol de lascar, deixar pronto uns 15 postes, vi que a tarefa não ia ser fácil. Por força de sorte, tio João me emprestou uma moto-serra e isso foi a salvação, em 4 dias, após selecionar e revirar o monte de madeira, conseguimos cortar no tamanho correto a quantidade necessária, acredito que uns 350 postes. Busquei a madeira e levei para lavrar e tratar em casa. tentei de tudo: moto-serra, makita, enchó e facão, nada surtiu efeito. A melhor forma que eu encontrei para lavrar as toras foi na vertical (cavando um buraco no chão) utilizando um machado. Para dar o acabamento na outra metade, prendi um pedaço de arame numa estrutura fixa e foi lapidando da forma que dava (tal qual uma porteira mesmo). O arremate final vira na mão, com bastante paciência e dedicação. Pensei várias vezes em desistir, seja pelo cansaço, seja por achar que era impossível a execução. Para não dar cabo do projeto antes do tempo e servir de inspiração, montei no gramado uma amostra da cerca que vou fazer ao redor de toda a casa, acreditem, foi a imagem dela, fincada mais ou menos no chão, que conteve meu desejo de fazer uma fogueira com as toras. Abaixo as fotos da execução do projeto: 





  • Alícia toda empolgada brincando na arei




  
Note que o modelo ficou calcado em tijolos para fazer a distância necessária de um poste ao outro, depois, como é fácil verificar, não serão mais necessários, pois a ponta de uma trava encaixará no espaço da outra, e não será preciso mais nada, além das paus de tamanho correto. 

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

início de estrada...

A este caderno hoje criado, darei recortes de dias meus, de torras de castanha, de xícaras de café e ventos repentinos do lugar cá onde moro. As parcelas de minhas horas serão remetidas a projetos e a tudo que eu venho tentando realizar nessas últimas semanas. A esta tarde um escrito antigo: 

"Você chegou e nem era tão cedo, já passava do meio dia, com o sol esfriando. Entornada em roupas fora do clima, já nem fazia questão de ter tapetes vermelhos a espera. Pois bem, isso foi até o encontro de cd’s antigos que te fizeram recordar de amigos esquecidos, depois, foi só lágrimas e sono entrecortado. Corte saudoso do momento para outro, imbuído de cheiro, som, risos e falta de nada"!

Por mais simplicidade e paz. 

Uberaba, 24 de agosto de 2016


EL