Há tempos que eu vinha campeando algum bom tutorial para construção de um forno redondo, tipo aqueles que são usados para assarem pizza e biscoitos de polvilho. Na verdade, como tudo que eu venho pensando e publicando, não se trata somente do forno em si, é todo o processo que envolve a sua construção e os hábitos decorrentes disso, lembro-me da minha infância em que a vizinha de minha mãe tinha um desses no quintal. Na semana era reservado um dia para a produção das quitandas. Acordava-se cedo e já se botava lenha dentro do forno para ir aquecendo bem. Enquanto a madeira virava brasa, os biscoitos e bolos eram preparados, era um dia de muita felicidade, pois além da comida, que ficava muito boa, havia a conversa, as brincadeiras... quando eu penso em um forno desses, me recordo com saudade desses momentos, e é algo parecido com isso que desejo proporcionar a minha filha. A origem do forno é muto antiga, e sua construção é simples, deve-se ter o cuidado de não construí-lo diretamente sobre a terra, é preciso uma base sólida que o isole da umidade, esta pode ser feita de pedra e areia, no meu caso, pela dificuldade de achar as pedras grandes, fiz uma base de esteios de madeira, depois emendei com sarrafos, e coloquei em cima um pallet:
Após colocar a base da construção do forno, entremeei os vazios do palet com varetas de madeira, tal como a técnica das casas de pau a pique, sobre as varetas e a madeira, joguei uma mistura grossa de terra, areia, açúcar e palha, usei as seguintes medidas: uma carriola de areia + 01 carriola de terra vermelha + 2 kg de açúcar.
Depois foi colocar água e pisar o barro até ficar uma mistura bem homogênea e não muito mole. Após a primeira camada de barro, como havia aqui em casa muitas telhas francesas, resolvi aproveitá-las, geralmente se faz o base do forno com tijolos refratários ou tijolos requeimados, mas quis usar telhas e o resultado também ficou mito bom, vejam:
Depois que coloque as telhas, joguei outra camada grossa da mistura do barro descrita acima e nivelei. Após isso dei o formato redondo do forno, para facilitar corte uma vareta no tamanho do raio que deseja e vá mediando para ficar do mesmo tamanho. Na foto, um detalhe que não deu muito certo, acho que pelo tamanho do forno (a armação de bambu), tentei de vários tamanhos, mas ele não encaixava perfeitamente para servir de estrutura no fechamento dos tijolos. No fim do processo, tive que encher o vão do forno de areia para finalizar. Vejam:
A tarde foi se esvaindo e o cansaço chegando, como o forno não fechava de jeito nenhum, parti ara a segunda opção e também a mais tradicional (as vezes inovar em processos de construção, dá muito trabalho), enchi todo o vão do forno de areia, ao todos foram cinco carriolas cheias. feito isso, foi fácil dar o acabamento. Isso, já beirava as 20 horas, vejam:
Agora sim, após o último tijolo:
obs.: deve-se ter cuidado com a largura da boca do forno, uma dica é medir as formas que se deseja usar depois, para não correr o risco de ficar pequeno.
- Não esqueça de deixar o "suspiro", que nada mais é do que um tipo de chaminé, no meu caso usei uma lata vazia de milho em conserva.
Após essa etapa, parte-se para a secagem e cura, vou deixar secar uma semana antes de tirar a areia. Vou atualizando o post até a finalização do forno.
Depois de dois dias, retirei a areia do forno:
Após tirar cuidadosamente a areia, passei para a fase do reboco, que é feito com terra de cupim. O processo é simples, busca-se o cupinzeiro, esfarela bem (pela experiência recomendo quebrar ele bastante com a enxada e depois passá-lo ainda seco pela peneira para desfazer os últimos torrões, coloque açúcar na massa e pise com água até a mistura ficar bem grudenta. feito isso, reboque o forno, fiz de duas vezes, a primeira demão num dia e a outra hoje, como podem ver:
Depois do reboco, vou deixar o forno secar bem, enquanto isso vou providenciar uma pequena cobertura de proteção. Espero que no fim de semana eu já possa colocar o primeiro fogo para dar continuidade ao processo de cura.
Finalmente, após 03 dias de cura, coloquei o primeiro fogo, ainda tímido, pois ele deve ir aquecendo aos poucos até estar totalmente curado.
Finalmente, após 03 dias de cura, coloquei o primeiro fogo, ainda tímido, pois ele deve ir aquecendo aos poucos até estar totalmente curado.
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